Natural de Natal (Rio Grande do Norte/Brasil), Juliana Linhares é cantora, compositora e atriz, voz de bandas de longa estrada como Pietá (desde 2012) ou Iara Ira.
Em 2021 aposta na carreira a solo com o disco Nordeste Ficção, que tem direção artística de Marcus Preto e produção musical de Elísio Freitas, imaginando-o como um roteiro de teatro, um romance de autoficção e um docudrama cinematográfico. Em 11 faixas, o trabalho da artista potiguar traz uma beleza e alegria irresistíveis, remetendo aos deliciosos LPs clássicos de Amelinha, Elba Ramalho, Cátia de França, Terezinha de Jesus e outros nomes da geração nordestina lançados na virada dos anos 70 para os 80. Traz ainda a grandeza melódica e poética de compositores como Alceu Valença, Ednardo, Fagner, Belchior e Zé Ramalho e dialoga com os herdeiros destes nos anos 1990: Chico César, Zeca Baleiro, Rita Ribeiro, Lenine, entre outros.
Ao vivo, Nordeste Ficção cria no público o impacto de um disco que já nasceu sendo um clássico da música brasileira e que não se esgota no tempo. Neste seu primeiro álbum em nome próprio, Juliana Linhares desmistifica o nordeste brasileiro, ressignificando estereótipos, servindo-se da sua voz tão doce quanto imponente e da sua poética abrasiva. Performática, intensa e de voz amplificada pelos enredos dramáticos que canta, Juliana Linhares oferece uma imensidão vocal e musical surpreendestes na narrativa de cada concerto.
Com canção inédita de Tom Zé cantada ao lado de Letrux (esta exclusivamente produzida por Pedro Carneiro / Vovô Bebe), além de diversas parcerias de Juliana com Chico César, Zeca Baleiro, Khrystal, Moyseis Marques, Posada, Mestrinho, Jéssica Caitano entre outros e uma releitura do hino nordestino Tareco e Mariola, de Petrúcio Amorim, o álbum, que teve influência do livro A Invenção do Nordeste e Outras Artes, de Durval Muniz de Albuquerque Jr., também abre espaço para questionamentos sobre os significados de ser nordestina hoje. Artista nascida em Natal, Juliana foi viver no Rio de Janeiro em 2010. Essa mudança proporcionou-lhe um lugar de observação privilegiado a respeito dos clichés com que o Brasil e o mundo olham para o Nordeste. A reação a esses estereótipos – e também a compreensão deles – foi material para a criação das canções. E se o Nordeste é uma invenção, como cantou Belchior, a arte segue sendo o meio para desconstruir narrativas. E criar outros nordestes possíveis.
Sobre o processo de composição a solo mais intenso nos últimos anos, Juliana afirma que depois de tanto tempo trabalhando na música como intérprete, começou a sentir uma necessidade grande de fazer canções, de se experimentar no lugar de compositora. “O facto de conviver com compositores muito aplaudidos adiava a minha coragem, mas durante a quarentena imposta pela pandemia entendi a importância de tentar. Era uma solidão enorme e precisei demais de mim. Comecei a arranhar um violão, a guardar gravações e a apostar nos meus improvisos”, conta.
Com o sucesso do álbum, a faixa que abre o álbum Nordeste Ficção, “Bombinha”, foi trilha sonora da novela Mar do Sertão, da Rede Globo, que contou também com a participação de Juliana Linhares como atriz num dos capítulos. A música também foi regravada no último álbum de Daniela Mercury, lançado para o carnaval de 2022.
Em janeiro de 2024 é a vez de “Balanceiro” entrar para a trilha das novelas, sendo tema da personagem de Juliana Paes no remake de Renascer, sucesso da TV Globo.
Recorrentemente solicitada a ser presença nos grandes palcos da cena artística brasileira, Juliana Linhares embarca também no cruzamento de parcerias com músicos da sua geração, tais como Almério ou Josyara, na recém editada e muito apreciada versão do clássico “Não tem Lua”, eternizado pela banda Asa de Águia.
PRESS QUOTES
‘A incandescente presença cénica de Juliana Linhares no palco (…) evocou a figura agreste de Elba Ramalho nas mentes de alguns espectadores na estreia do show Nordeste ficção’. Mauro Ferreira, in Pop e Arte, G1
‘O Nordeste mulher, Nordeste cacto, o calor, a política, o forró , a lambada, o bolero, o xote, o frevo, a guitarra elétrica e a sanfona. Cabem inteiros no disco de estreia de Juliana Linhares em nome próprio.’ Jornal O Globo